A fina dama

A fina dama
Fernanda Takai - a fina dama da mpb

sábado, 9 de agosto de 2014

Enquanto vivo

Agora falar do dia dos pais é saudosamente dolorido pra mim
Não o tenho mais na sala, sentado à mesa
Ou em meus abraços e afagos
Não tenho mais sua voz de homem simples e justo
Só o tenho nessa dor imensa por sua infinitude
E isso dilacera minha alma
Pois não há um dia sequer que eu não pense
Um dia sequer que eu não me lembre
Daqueles pares de olhos tão profundos
Que bebia sua alma na altura da dor que se impunha
Nada pode amenizar isso
Nada em absoluto o substitui
O que afaga meu coração é o orgulho de tê-lo
Agora em valores, em coragem, em definições e indefinições
Não poderia contê-lo nos meus braços
Pois o que é de Deus, Deus o convoca para pertinho d’Ele em algum momento da existência
Uma parte de mim parece que o acompanhou
E eu não me reencontro nessa parte
Apenas contenho-me
E simultaneamente torno-me cada vez mais
O que me disse quando se despedia de mim:
-Meu filho, seja sempre um homem
E sei que ele disse isso na amplitude do significado da palavra
Isso é o presente cotidiano

Mas a alegria em voltar pra casa e o ver...