A fina dama

A fina dama
Fernanda Takai - a fina dama da mpb

domingo, 19 de junho de 2016

Considerações ao Chico Buarque

Chico, você é uma maravilha
O monstro da música
A nostalgia de querer ser você
Você mergulha nos mais fundo abismo
E emerge com o grito que foi silenciado
A música à serviço dos alijados
A voz dos discriminados
Chico, você também é amor e desafeto
O amor carnal, suor, pirraça
Essa voz mansa subjetiva tanta coisa!
Reflexo, negação, diferença, revolta, aconchego
Você é um bálsamo para os desatinados
Você denuncia e pune
Mas você também é malandro
Lobo quieto que devora
Você é tanta história
De tristeza, medo, fuga
Chico, herói nacional
Chico lindeza
Chico Brasil
Chico do povo
Chico canção
Chico das letras
Chico apaixonante
Você é tanta coisa
Ao mesmo tempo simples
Simplesmente Chico
Chico Buarque: daqui para o mundo
Lâmina afiada
Sândalo encantador
Fluxo e refluxo
Cálice de tantas amarguras bebestes
Vida tão cheia que nos esvazia
Você diz tudo 
E provoca-nos a fala
Chico, tanto mar
Tantas almas e corações
Às vezes alma de mulher
Olhos selvagens
Timidez tranquila
Orgulho nosso de tantos dias
Iluminado que apaga a luz
Mestre
Homem
Bicho
Chico
Buarque
Agora você era herói
Amanhã mito
Consagração
Roseira
Satisfação em te ouvir
E ler

E ver, nem sei...

sábado, 9 de agosto de 2014

Enquanto vivo

Agora falar do dia dos pais é saudosamente dolorido pra mim
Não o tenho mais na sala, sentado à mesa
Ou em meus abraços e afagos
Não tenho mais sua voz de homem simples e justo
Só o tenho nessa dor imensa por sua infinitude
E isso dilacera minha alma
Pois não há um dia sequer que eu não pense
Um dia sequer que eu não me lembre
Daqueles pares de olhos tão profundos
Que bebia sua alma na altura da dor que se impunha
Nada pode amenizar isso
Nada em absoluto o substitui
O que afaga meu coração é o orgulho de tê-lo
Agora em valores, em coragem, em definições e indefinições
Não poderia contê-lo nos meus braços
Pois o que é de Deus, Deus o convoca para pertinho d’Ele em algum momento da existência
Uma parte de mim parece que o acompanhou
E eu não me reencontro nessa parte
Apenas contenho-me
E simultaneamente torno-me cada vez mais
O que me disse quando se despedia de mim:
-Meu filho, seja sempre um homem
E sei que ele disse isso na amplitude do significado da palavra
Isso é o presente cotidiano

Mas a alegria em voltar pra casa e o ver...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

ENQUANTO ESTOU À MARGEM



Trate-me com um ser
Não me trate para ter
Não me meça pelo que tu és
Olhe-me como estou
Como sou
Por onde vou
As faltas do meu dia a dia

Catalogue-me sob minhas multiplicidades
Não me levarás a lugar algum
Tu verás vários
Cultura
Sociedade
Carências
Negações
Violências
Autoria e caça
Tudo e nada

Em muitos me verás
E, projetando-me em tantos
Verás o quanto
De mim e de ti
Se útil fores
Também me farei por ti
No mundo
No universo
Não nos teus fins.

Anglebson Barros, maio de 2014

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

(In) confissão

Faltam palavras
Em meio a tantos 
Sinônimos, antônimos
Anônimos conflitos da alma
Desacertos, solidão
Tantas palavras
Ora traem, ora se encontram
Desatinam os pensamentos
Atormentam identidades
Palavras certas
Lugares errados
Frases em conflitos
Pensamentos mal ditos
Sentimentos mal interpretados
Pessoas bem ditas
Conceitos mal elaborados
Sem palavras
Paisagem que nos cala
Amores, estorvos
Não confessados
Angustiantes melancolias
Que no divã se diz
Em público se faz privado
Era pra dizer
Deveria calar-se
Ao menos escrever
Ao menos aliviar
Mas palavras que não se quer ouvir
É o que temos
Em pensamentos que se calam
E permanecem pensamentos

Anglebson Barros - Outubro de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

TORRENTES



Tenho saudades de um tempo
Tenho saudades de um cheiro
E sinto saudades da vaga sequestrada
Dos sonhos...
Da amplitude geográfica do amor

As flores que ficaram
O que ficou daquele jardim
Que ficou aqui
Que me desmonta
Me apavora

Morro lentamente
As flores que não são de plástico morrem
Do nascer ao pôr do sol
Vago incansavelmente
E no tormento das ausências
Não descansam as imagens

Passa o rio
Passam os moinhos
Os desatinos circulares
Os cheiros da memória
Que ora se vai, ora me rouba

De tudo o que fui atento
De toda essa insensatez
Não fui o que tu queria
Não foste meu contentamento
Nem o sonho da minha geografia

mas a terna agonia do meu tempo.

Anglebson Barros 

domingo, 12 de maio de 2013

EU, PALHAÇO



Minh’alma se inquieta
Não deixa a mente dormir
Pela dor
De solidão
Sem confissão
Sem que alguém perceba
Vou submergindo
Pouco a pouco.
Os aplausos da plateia
Não me fazem feliz
Por trás da roupa de herói
Habita um ser frágil
Depressivo, apreensivo...
Em público sorrisos
Provocando risos
Cai, pula, corre
Depois da cena
Nos bastidores
Lágrimas
Flores secas
Clamo aos surdos
Aos cegos do castelo
Não me ouvem
Não me acolhem
Apenas querem meu show
Querem-me sempre ao dispor
O respeitável público

sábado, 5 de maio de 2012

Onde vão os pensamentos: Pedagogia da personalidade

Onde vão os pensamentos: Pedagogia da personalidade:                 A pedagogia de um professor passa pelo método, passa pela técnica, passa pela didática, pelos recursos e planejamentos. A...